Se você tem ou faz parte de algum negócio provavelmente já ouviu falar sobre a importância de utilizar os testes de usabilidade, principalmente no contexto de uma startup.
Mas, afinal, o que é o teste de usabilidade?
Teste de usabilidade é uma das técnicas de pesquisa com usuários utilizada para avaliar um produto ou serviço. Os testes são realizados com potenciais usuários, representativos do público alvo e persona definidas. Cada participante deve realizar tarefas pré-definidas, enquanto o entrevistador conduz e o observador realiza anotações.
Outra possibilidade em realizar o teste, seria por meio de exposição do usuário ao protótipo, sem orientação de tarefas para coletas de percepções na sua interação com o produto. Basicamente, é a prática utilizada para a validação de uma funcionalidade, fluxo ou produto, a partir da observação da forma que seus usuários interagem com ele.
Uma das principais vantagens desse tipo de teste é ter a possibilidade de aprender com o seu usuário e identificar problemas que nós, que estamos inseridos no projeto, não conseguimos ver. Ajuda a entender o que as pessoas fazem e como fazem.
Como aplicar um teste de usabilidade?
Em outro texto do Hackmed blog, já abordamos todas as etapas de como preparar uma pesquisa com usuários, lembra? Porém vamos relembrar alguns pontos importantes que devem ser definidos para aplicar o teste.
O que você deseja validar com esse teste?
Faça um planejamento e avalie todos os recursos disponíveis, como também as limitações de tempo e dinheiro.
O que você quer descobrir? O que espera aprender com o teste?
Para melhores resultados o ideal é ter 3 pessoas por sessão de teste. A pessoa entrevistada, a pessoa observadora e o usuário.
Caso o teste for presencial, evite ter muitas pessoas na sala, ou stakeholders que podem gerar desconforto ou tensão para o participante. Uma pessoa entrevistadora é aquela que conduz o teste, explica a tarefa e acompanha o processo concentrando-se no usuário e mantendo a neutralidade.
Pergunte o que ela está pensando e sentindo.
Uma pessoa observadora é aquela que faz as anotações do que está observando. Analisa o comportamento e as respostas do usuário. É importante ter pelo menos uma pessoa com quem conversar sobre o teste, a fim de garantir que ambos tiveram percepções e chegaram às mesmas conclusões.
Faça uma triagem pré entrevista para selecionar os participantes do estudo, sempre tendo em mente o objetivo do teste, e recrutamento de
potenciais usuários com base nas pessoas definidas.
Quais grupos de usuários fazem mais sentido? Quais são os perfis de usuários extremos?
Você pode encontrar as suas pessoas usuárias em todo lugar, como redes de amigos, redes sociais, e grupos específicos relacionados ao seu produto no Facebook, por exemplo. Mas não adianta realizar o teste com seus familiares e amigos, caso não tenham o mesmo perfil de usuário definido, okay? Provavelmente você vai obter feedbacks enviesados que podem comprometer o resultado final.
“5 usuários descobrirão 80% dos problemas.”
– Jakob Nielsen
Essa é uma recomendação do Jakob Nielsen, que mostrou que com 5 participantes é possível encontrar 80% dos problemas de uma interface. A partir daí, os problemas começam a ser recorrentes, e o aprendizado diminui. Assim, uma amostra com 5 participantes já tem um bom custo benefício. Os melhores resultados vêm de testes rápidos para obter feedbacks, realizar ajustes de protótipos, e rodas outras sessões. Até obter resultados satisfatórios para seguir os próximos passos.
Assim como na fase de pesquisa, o número de 5 usuários é somente uma referência, mas em alguns casos vale a pena fazer com mais pessoas, quando a tarefa testada é um pouco mais complexa, com várias subtarefas, ou quando há mais de um perfil de usuário dentro do público alvo, e essa diferença afeta o uso do
produto a ser testado. Se você tem orçamento para testar com 15 pessoas, faça 3 rodadas, com 5 e vai aprender mais.
Antes de iniciar as tarefas faça uma contextualização e um roteiro do teste, criando o cenário para levar o seu usuário naquele momento da jornada que teria contato com o seu produto. Elabore bem essas questões de forma clara, direta e direcionadas ao objetivo do teste. Lembre que você está testando a interface, e não a pessoa que está usando ela.
Por exemplo:
Se estiver utilizando o teste de usabilidade de um aplicativo de agendamento de consultas, evite dar direcionamentos e dizer:
“Eu quero que você entre no menu, escolha o médico na lista e agende uma consulta”
Totalmente enviesado, não é? Mas veja agora bons exemplos de tarefas:
- “Encontre a lista de médicos disponíveis para agendamento de consultas.”
- “Agende uma consulta no horário de sua escolha.”
- “Confirme o agendamento da consulta.”
Lembre disso: Você está testando a interface, e não a pessoa que está usando ela.
Local de Testagem
O moderador conduz a pesquisa realizando as perguntas em voz alta, enquanto o outro pode fazer anotações e observar a experiência. Se o teste for em sala de espelho, outras pessoas do time ou clientes podem observar pelo vidro.
Mas no mundo digital, tornou-se comum a realização dos testes de usabilidade de forma remota e automatizada. O teste é aplicado por meio de um link de protótipo navegável e gravação da navegação e da reunião.
O teste pode ser realizado em diversos ambientes dependendo do protótipo do produto ou serviço que deseja validar. Algumas empresas fazem testes em laboratórios sala espelho, inclusive existe no mercado a opção de locação desses ambientes. Nesse caso, é necessário recrutar e agendar um dia e horário com seu potencial usuário para que realize o teste de forma presencial.
O ideal é ter um profissional para conduzir o teste e realizar as perguntas e outro para anotar e observar o usuário.
Anote o que aconteceu, o que deu errado, o que deu certo, o que deveria ter acontecido e feedbacks.
Tudo pode gerar insights!
Você deve procurar 3 casos importa:
– Se o usuário terminou a tarefa com sucesso sem nenhum problema e nenhuma ajuda.
– Se o usuário teve dificuldade, mas ele eventualmente realizou a tarefa.
– Se o usuário ficou frustrado, não conseguiu concluir a tarefa e desistiu.
Às vezes, as pessoas podem querer desistir de realizar a tarefa e você pode encorajá-las para continuar tentando um pouco mais, porém de forma alguma ofereça qualquer ajuda ou orientação para facilitar que a tarefa seja concluída.
O usuário pode tomar ações diferentes das que você esperava e tudo bem. Então pode perguntar coisas do tipo:
“Eu notei que você fez X. Pode me dizer o por quê?”
“Você notou mais alguma forma de fazer Y?”
“Pode me dizer o que você achou dessa funcionalidade Z?”
“ O que você achou das explicações?”
No teste de usabilidade você pode medir a taxa de sucesso de uma tarefa, o tempo que o usuário leva para completá-la e a satisfação do usuário com o produto.
Após realizar todos os testes, analisar os dados coletados, é o momento da equipe se reunir para priorizar as melhorias do protótipo, e se vai ser realizada uma outra rodada de testes, após os ajustes ou se essa será a versão final para iniciar a versão final para iniciar a etapa de desenvolvimento do MVP.
Procure combinar as melhorias priorizadas com os objetivos do negócio e os resultados que desejam alcançar com o produto.
Então, resumindo:
Para realizar um teste de usabilidade realmente eficiente você deve começar definindo um objetivo, entender quem são os participantes
do teste, definir o perfil do usuário e quantos participantes. Em seguida, montar o roteiro do teste e definir o ambiente, seja de forma remota ou presencial, e só depois de todas as etapas concluídas, aplicar o teste e analisar as informações levantadas.
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