A utilização da alta tecnologia e inovação de produtos e serviços, são formas pelas quais as grandes empresas mantêm a sua competitividade de mercado, como também são os maiores diferenciais das startups.
Porém, a adoção de tecnologia e inovação não é o bastante para que um produto realmente atenda uma demanda do mercado, resolva problemas e gere valor pro usuário. A década passada prova isso: Produtos e serviços que tinham tudo para dar certo, mas não deram.
O erro pode estar em uma etapa essencial para o sucesso do seu negócio: a VALIDAÇÃO.
Perguntas-chaves para o processo de validação de ideias:
- O que realmente gera valor para seu usuário?
- Qual o momento certo para o lançamento?
- Estamos oferecendo nossa solução para a persona correta?
- Estamos adorando o melhor modelo de negócio?
Pode parecer óbvio, mas nem todos os produtos são validados corretamente antes de seu lançamento. Um bom exemplo de produto que não foi devidamente testado com potenciais usuários e foi considerado um fracasso após um tempo de lançamento, foi o Google Glass. Sim, até o Google, uma verdadeira máquina de
desenvolvimento de produtos e serviços também fez seus produtos sem sucesso e descontinuados.
O Google Glass
Anunciado em 2012, o Google Glass foi apresentado como um divisor de águas no mercado da tecnologia, no entanto, o aparelho acabou não fazendo o sucesso esperado. Além do alto preço, o Glass apresentou problemas graves de privacidade, problemas de software e algumas reclamações a respeito do seu design. Em 2015, a empresa anunciou o encerramento das vendas ao consumidor final, mas até hoje os óculos de realidade aumentada continuam sendo vendidos somente para o mercado corporativo.
Será que em 2012 a sociedade estava preparada para usar um óculos com uma câmera, tendo a possibilidade de gravar e registrar tudo ao seu redor? Bom, hoje sabemos que não.
Talvez, para Sergey Brin, chefe da divisão Google Ads e cofundador do Google Glass, o amor pelo produto era maior que o amor pelo problema. Como diz Ash Maurya, o criador do Lean Canvas, ame o problema e não a solução.
Agora começamos a etapa de validação para conseguirmos responder essas perguntas, ou pelo menos levantar boas hipóteses.
O Mínimo Produto Viável
Chegamos na última etapa do segundo diamante: a etapa da entrega. Depois de consolidar e priorizar as ideias levantadas, agora é a hora de validar. Aqui temos a oportunidade de interagir com potenciais usuários para coletar feedbacks, encontrar possíveis falhas, e realizar os ajustes necessários no protótipo, antes de iniciar
a construção de um MVP, ou seja, o Mínimo Produto Viável a ser lançado no mercado.
O grande propósito de validar a ideia por meio de protótipos e experimentos é oferecer algo para o possível usuário de forma rápida e barata, que forneça alguma evidência de que vale a pena seguir pelo caminho definido, e construir um MVP.
Canvas MVP
Escolha o modelo que melhor se aplica ao seu negócio ou produto.
Vamos usar como exemplo o Canvas MVP. Uma ferramenta para validar ideias de produtos das imersões de Lean Inception. Sendo uma adaptação do Paulo Carole do Lean UX Canvas de Jeff Gothelf, o Canvas MVP auxilia no alinhamento e definição da estratégia com utilização de dois métodos com abordagens complementares.
Para maximizar esse processo de aprendizagem e definição da estratégia do seu MVP, você pode construir um quadro visual, físico ou virtual, como um Business model canvas, Lean canvas, lean UX, canvas ou canvas MVP.
Fonte: https://evolvemvp.com/business-model-canvas-o-que-e-e-como-utilizar/business-model-canvas-evolve-01/
Protótipos
Como validar ideias por meio de protótipos?
Um produto digital de sucesso precisa ter um ótimo design e experiência do usuário, para facilitar seu entendimento e aplicação prática, vamos nos basear nos ensinamentos do livro “Inspired” de Marty Cagan.
Ele defende a abordagem de validação de ideias por meio de protótipos de alta fidelidade para que os testes possam gerar resultados confiáveis. Você pode conseguir bons feedbacks realizando testes de protótipo de baixa ou média fidelidade, mas para viabilizar um teste de valor, que realmente segue o teste de usabilidade, é necessário que a experiência e a interação do usuário seja a mais próxima do MVP.
Uma pessoa potencial usuário que não conhece sua ideia, deve conseguir interagir com o produto sem muitas explicações. Métricas de Validação.
“Para realizar esse experimento, aplicamos um teste de usabilidade. Queremos aprender se o usuário realmente tem os problemas que nós achamos que ele tem, como eles resolvem hoje, e o que o levaria a trocar.”
– Marty Cagan
Teste de Usabilidade
Teste de usabilidade é uma das técnicas de pesquisa com usuários utilizada para avaliar um produto ou serviço. Os testes são realizados com potenciais usuários, representativos do público alvo e persona definidas. Cada participante deve realizar tarefas pré definidas, enquanto o entrevistador conduz e o observador realiza
anotações.
Outra possibilidade em realizar o teste, seria por meio de exposição do usuário ao protótipo, sem orientação de tarefas para coletas de percepções na sua interação com o produto. Basicamente, é a prática utilizada para a validação de uma funcionalidade, fluxo ou produto, a partir da observação da forma que seus usuários interagem com ele.
Uma das principais vantagens desse tipo de teste é ter a possibilidade de aprender com o seu usuário e identificar problemas que nós, que estamos inseridos no projeto, não conseguimos ver. Ajuda a entender o que as pessoas fazem e como fazem.
Fonte: https://brasil.uxdesign.cc/teste-de-usabilidade-o-que-%C3%A9-e-para-que-serve-de3622e4298b
Como aplicar um teste de usabilidade?
Aqui no Hackmed Blog já abordamos todas as etapas de como preparar uma pesquisa com usuários, lembra? Porém vamos relembrar alguns pontos importantes que devem ser definidos para aplicar o teste.
- O que você deseja validar com esse teste?
Faça um planejamento e avalie todos os recursos disponíveis, como também as limitações de tempo e dinheiro. - O que você quer descobrir?
O que espera aprender com o teste?
Para melhores resultados o ideal é ter 3 pessoas por sessão de teste. A pessoa entrevistada, a pessoa observadora e o usuário.
Caso o teste for presencial, evite ter muitas pessoas na sala, ou stakeholders que podem gerar desconforto ou tensão para o participante.
Uma pessoa entrevistadora é aquela que conduz o teste, explica a tarefa e acompanha o processo concentrando-se no usuário e mantendo a neutralidade. Pergunte o que ela está pensando e sentindo.
Uma pessoa observadora é aquela que faz as anotações do que está observando. Analisa o comportamento e as respostas do usuário. É importante ter pelo menos uma pessoa com quem conversar sobre o teste, a fim de garantir que ambos tiveram percepções e chegaram às mesmas conclusões.
Faça uma triagem pré entrevista para selecionar os participantes do estudo, sempre tendo em mente o objetivo do teste, e recrutamento de potenciais usuários com base nas pessoas definidas.
Quais grupos de usuários fazem mais sentido? Quais são os perfis de usuários extremos?
Você pode encontrar as suas pessoas usuárias em todo lugar, como redes de amigos, redes sociais, e grupos específicos relacionados ao seu produto no Facebook, por exemplo. Mas não adianta realizar o teste com seus familiares e amigos, caso não tenham o mesmo perfil de usuário definido, okay?
Provavelmente você vai obter feedbacks enviesados que podem comprometer o resultado final.
“5 usuários descobrirão 80% dos problemas.”
– Jakob Nielsen
Essa é uma recomendação do Jakob Nielsen, que mostrou que com 5 participantes é possível encontrar 80% dos problemas de uma interface. A partir daí, os problemas começam a ser recorrentes, e o aprendizado diminui.
Assim, uma amostra com 5 participantes já tem um bom custo benefício. Os melhores resultados vêm de testes
rápidos para obter feedbacks, realizar ajustes de protótipos, e rodas outras sessões. Até obter resultados satisfatórios para seguir os próximos passos.
Assim como na fase de pesquisa, o número de 5 usuários é somente uma referência, mas em alguns casos vale a pena fazer com mais pessoas, quando a tarefa testada é um pouco mais complexa, com várias subtarefas, ou quando há mais de um perfil de usuário dentro do público alvo, e essa diferença afeta o uso do produto a ser testado.
Se você tem orçamento para testar com 15 pessoas, faça 3 rodadas, com 5 e vai aprender mais.
Antes de iniciar as tarefas faça uma contextualização e um roteiro do teste, criando o cenário para levar o seu usuário naquele momento da jornada que teria contato com o seu produto.
Elabore bem essas questões de forma clara, direta e direcionadas ao objetivo do teste. Lembre que você está testando a interface, e não
a pessoa que está usando ela.
Por exemplo:
Se estiver utilizando o teste de usabilidade de um aplicativo de agendamento de consultas, evite dar direcionamentos e dizer:
“Eu quero que você entre no menu, escolha o médico na lista e agende uma consulta”
Totalmente enviesado, não é? Mas veja agora bons exemplos de tarefas:
“Encontre a lista de médicos disponíveis para agendamento de consultas.”
“Agende uma consulta no horário de sua escolha.”
“Confirme o agendamento da consulta.”
Lembre disso: Você está testando a interface, e não a pessoa que está usando ela.
Conclusão
Após aplicar algumas dessas técnicas para a validação da sua ideia, tenha em mente que não basta construir produtos fáceis de usar, e sim produtos que resolvem problemas e tornem a vida das pessoas melhores!
E, aí? Preparado para validar sua solução? Conte para gente nos comentários abaixo!
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