Empreendedorismo e graduação: é possível?

Você já parou para pensar nisso?

A educação empreendedora é essencial. Mas como fazemos para conciliar o empreendedorismo e a graduação? Quando falamos da área da saúde, alguns cursos como a graduação em medicina apresentam currículos engessados e fortemente tradicionais. Assim, será possível inovar e criar uma visão empreendedora no âmbito acadêmico médico? Como cursos de formação tradicional podem embarcar na saúde digital? Como preparar os alunos da faculdade para as demandas do mercado de trabalho cada vez mais exigente?

A percepção do empreendedorismo em faculdades públicas no Brasil

Antes de mais nada, é preciso romper com a mentalidade de que empreender e inovar está relacionado à obtenção de lucro. Inovar não é para ganhar dinheiro, mas sim para melhorar processos.

E como romper esse ciclo?

Estabelecer alianças, montar um time que esteja engajado em seus projetos, procurar um mentor que possa auxiliá–lo na sua jornada, demandas e objetivos. Além disso, é essencial propor mudanças que tiram pessoas de seus respectivos status quo é difícil, normalmente, gera atritos, mas vale a pena.

Desafios para o médico e estudantes de medicina

Como médicos e futuros médicos, alguns desafios se destacam como: grande carga horária, pressão, concorrência e necessidade constante de atualização.  Dessa forma, o médico, assim como o empreendedor, precisa estar sempre se atualizando, superando desafios e ultrapassando barreiras. No entanto, essa não é uma barreira que se estende somente aos futuros profissionais da área da saúde. Praticamente todas as aéreas do conhecimento, sejam ela Humanas, Ciências Sociais, Exatas, Biológicas, entre outras, precisam de mecanismos para consolidar uma educação empreendedora.  Ao longo do texto, focaremos especificamente na educação médica, porém o que for abordado se estende para outros setores.

Fundamentos da educação empreendedora

A educação empreendedora deve se basear na incerteza, por meio de projetos e pesquisas, e não na transmissão expositiva de aulas teóricas como estamos acostumados.  Por meio dessas pesquisas, são levantadas discussões que compreendem a capacidade de identificar e resolver problemas. Mas, para chegar nesse fim, é necessário passar por etapas:

Etapas da educação empreendedora

1. Aprender a colaborar:
2. Aprender a conhecer:
3. Aprender a fazer:
4. Ser perseverante
5. Ser proativo
6. Exercer liderança

Premissas da Sociedade Digital na Formação do Médico

Como discutimos anteriormente, estamos imersos em uma realidade que envolve a Telessaúde e Telemedicina, Big Data, IoT, Impressão 3D, IA, farmacogenética, cirurgias robóticas, medicina genômica, medicina translacional entre outros. Nesse sentido, não podemos perpetuar uma formação acadêmica com conteúdo tradicional, e por vezes, ultrapassado.

Como mudamos esse cenário?

De acordo com a pirâmide de aprendizagem de William Glasser, só retemos o conhecimento, ou seja, aprendemos de fato 10% quando lemos, 20% quando escutamos e 30% quando observamos. 

Quando falamos na necessidade de promover uma educação disruptiva, empreendedora e colaborativa, focamos no trabalho em equipe, pesquisa e produtividade, Nesse sentido, conseguimos conquistar a base da pirâmide, ou seja, retemos 70% quando discutimos nossas ideias com outros, 80% quando realizamos e executamos determinada atividade e 95% quando ensinamos aos outros aquilo que aprendemos. 

Isso nos leva à conclusão de que a sala de aula tradicional não potencializa nossas habilidades de reter o conhecimento e de pensarmos criticamente como indivíduos ativos.

Por isso, a educação empreendedora utiliza o conceito de sala de aula invertida com o objetivo de alcançar uma aprendizagem em rede, ou seja, aprendemos a colaborar, aprendemos a fazer e, por fim, aprendemos a conhecer. 

Por essa ferramenta, o aluno pesquisa, discute, lê e realiza os questionamentos para o mentor, o qual traz a devolutiva e auxilia na resolução do problema. O desfecho, nesse caso, é o desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas a vencer desafios. Isso é essencial para empreender na vida acadêmica, nos negócios, no consultório, por exemplo.

Pilares para uma educação médica empreendedora 

• Habilidade e Autonomia para pesquisa: estabelecer metas e realizar planejamentos. Exemplo: milhares de artigos sendo lançados sobre a Covid, de modo a ser humanamente impossível ler todos. Por meio da educação empreendedora, o estudante é capaz de selecionar, planejar e estabelecer metas de leitura sobre aqueles que mais lhe interessam, tudo isso guiado por um mentor.
• Habilidades de Trabalho em Equipe: o líder estimula o grupo, com capacidade de engajar a equipe. O desenvolvimento da liderança como soft skills é essencial para a prática médica, auxiliando na tomada de decisões e no trabalho em equipe.
• Remodelamento das profissões: atualmente, há uma demanda crescente por profissionais com qualificação técnica para analisar e interpretar dados e com flexibilidade de atender e resolver problemas em diversos horários. Nesse contexto, cabe ao médico e ao estudante de medicina desenvolver a capacidade de identificar e resolver problemas. Tudo a ver com o que conversamos anteriormente sobre Design Thinking e Empreendedorismo, certo? O médico do futuro, ou melhor, o médico do presente precisa ser proativo. 

Com isso, os pilares da educação médica empreendedora entram em consonância com a aprendizagem do século XXI, sendo esse caracterizado por:

1. Resolução de problemas
2. Colaboração
3. Pensamento Crítico
4. Criatividade
5. Inovação
6. Comunicação

Comportamento empreendedor para o estudante 

E qual é esse comportamento empreendedor que esperamos dos futuros colegas de profissão?

1. Busca de oportunidades e iniciativa
2. Persistência
3. Comprometimento
4. Exigência de qualidade e Eficiência
5. Estabelecimento de Metas
6. Correr riscos calculados
7. Busca de informação
8. Planejamento e monitoramento sistemático
9. Persuasão e rede de contatos
10. Independência e autoconfiança

O que podemos pensar para adicionar na graduação?

Estimular a capacidade de planejamento por meio de instrumentos próprios como o Modelo de Negócio do Canvas e o PDCA (planejar, executar, checar e avaliar).

Quais são os resultados esperados de uma educação empreendedora?

Desenvolver os seguintes aspectos durante a graduação

• Gestão de relacionamentos
• Auto consciência

Para “colher” os frutos durante a atuação como profissional

• Confiança
• Tolerância
• Compaixão
• Flexibilidade
• Comunicação Clara
• Inteligência emocional
  

  Dicas e insights sobre como inovar durante a graduação: 

1. Crie um tempo para pensar na sua ideia e colocá-la no papel. 
2. Monte o seu time o quanto antes.
3. Ajude outras pessoas para alcançar seus sonhos e objetivos.
4. Entenda sobre finanças e empreendedorismo.
5. Entenda como pode criar um modelo que impacte ao sistema.
6. Esteja preparado para o fracasso, para tempos duros e difíceis.
7. Reconheça que a parte financeira não é a única medida do sucesso. Outras medidas do sucesso importantes: impactar na vida de outras pessoas, educar e ter o reconhecimento por aquilo que está realizando.

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