Introdução
Concepção de startup: impactos da tecnologia em modelos tradicionais de negócio
Antes de tratar da avaliação dos modelos de negócios ou do impacto que a tecnologia teve no caso de startups, é necessário entender o que é uma startup.
De acordo com o Marco Legal das Startups, sancionada em 01º de junho de 2021, representou uma tentativa legislativa de delimitar o tema. De acordo com o artigo 4º, caput do dispositivo legal, startups são:
“Organizações empresariais ou societárias, nascentes ou em operação recente, cuja atuação caracteriza-se pela inovação aplicada a modelo de negócios ou a produtos ou serviços ofertados”
No entanto, não há consenso técnico sobre o conceito de startup, sendo esse muito amplo e englobando diversos aspectos para além do âmbito de negócios e tecnologia. Nesse sentido, há tanto definições extremamente amplas quanto extremamente restritas:
- De um lado, há autores que definem startup como uma empresa jovem que está começando a se desenvolver.
- Já de outro lado, há quem utilize um conceito bem mais restrito, limitando o conceito de startup não a um estágio de desenvolvimento do modelo de negócios, mas a uma empresa cujo modelo de negócios tenha algumas características específicas, tais como ambiente de incerteza, com a possibilidade de ser repetível e escalável.
Embora não exista consenso sobre quais seriam tais características, geralmente, as características utilizadas tendem a ser algo próximo de um modelo de negócios pautado em produto ou serviço inovador capaz de crescer e ser escalado em alta velocidade.
Como forma de efetivar esse modelo, outra característica acaba surgindo, como o ciclo de vida de uma startup baseada no desenvolvimento de um MVP (Minimum Viable Product). O MVP (produto mínimo variável) consiste em um teste ou rascunho básico de uma startup, que possibilita ao usuário experimentar a sua viabilidade.
Utilizando conceito apresentado acima, toda a vida da startup estaria baseada na ideia de, com o mínimo possível de recursos (apelidada de startup enxuta), desenvolver um protótipo capaz de ser validado no mercado e, por meio de iterações sucessivas, conseguir escalar o modelo de negócios de forma, preferencialmente, explosiva.
Fases de investimento de uma startup
A evolução de uma startup pode ser mensurada por meio de diversos mecanismos. No artigo do Blog do Hackmed, dividiremos a trajetória de uma startup em:
- Pré-Seed
- Seed
- Série A
- Série B (e séries seguintes – série C, D etc)
- IPO e M&A
Exemplo gráfico das etapas de investimentos de startups:
Para saber mais detalhes de cada etapa do ciclo de vida das startups, você pode acessar o conteúdo na íntegra clicando aqui.
Modelos de negócios em startups: tecnologia e regulação
As startups
Um exemplo simples é pelo uso de programas de computador para realizar tarefas repetitivas em velocidade, muitas vezes, superior à velocidade com que pessoas conseguiriam e sem que ocorram erros humanos. Qualquer modelo de negócio baseado nesse tipo de substituição, principalmente, quando não é necessária aquisição de equipamento, tende a ser escalável.
Um bom exemplo de produtos nesse gênero são os softwares financeiros. Eles permitem que a empresas diminua seu setor financeiro, dando acesso fácil a informações que, sem os sistemas, seriam compiladas manualmente por uma série de empregados. Nesse caso, evidentemente, haveria risco de serem cometidos erros de digitação, de soma ou até mesmo de serem perdidas informações – isso tudo antes de os dados serem compilados e apresentados.
Por exemplo, imagine uma loja de varejo com alto volume de vendas. Antes, haveria necessidade de alguém vistoriar o caixa, anotar todas as vendas e, depois, compilar tudo para avaliar o resultado do período. Atualmente, qualquer software de gestão integrado com o ponto de venda – o caixa – é capaz de tirar todas essas informações automaticamente, além de, a depender do nível de sofisticação, fornecer análises relevantes sobre as informações disponibilizadas.
Um pouco de história…
No início do século passado, a padronização dos produtos e serviços era uma necessidade para manter um preço competitivo. Essa condição é perfeitamente ilustrada pela frase de Henry Ford:
Any customer can have a
car painted anycolour that he wants so long as it is black
– Henry Ford
Atualmente, a realidade não poderia ser outra. A tecnologia permite o desenvolvimento de modelos de negócios chamados de cauda longa, um modelo baseado na distribuição de uma variedade grande de produtos de nicho, ou seja, de baixa demanda, cuja exploração individual não seria rentável para o empreendedor.
A exploração desse modelo somente é possível se não existir custo marginal na exposição de uma variedade extra do produto. Essa condição é quase impossível em casos de bens físicos (pense que expor um produto em uma vitrine e mantê-lo em estoque tem um custo de oportunidade para o vendedor).
No entanto, com a evolução da tecnologia, produtos e serviços inteiramente digitais e altamente customizáveis podem ser oferecidos simultaneamente, sem que o oferecimento de um produto ou serviço prejudique o oferecimento de outro. Isso somente é possível se as pessoas estiverem dispostas a adquirir bens incorpóreos, que só passaram a ser prevalentes com o desenvolvimento tecnológico.
Por exemplo, compare a variedade de distribuição entre a defunta Blockbuster (aluguel de mídias físicas de filmes e séries) e a Netflix. É evidente que é muito mais fácil e menos custoso para a Netflix atingir e satisfazer um número muito maior de pessoas, tanto pelo fácil acesso quanto pela maior disponibilidade de opções. Atualmente, várias empresas (com ou sem fins lucrativos) já incorporaram essa estratégia a seu modelo de negócios. Como exemplo, podemos citar Amazon(em particular, com livros digitais), Netflix (filmes), S
Um outro tipo de modelo de negócio possibilitado pela tecnologia é o modelo baseado em intermediação ou plataformas digitais – por exemplo, o eBay ou o Mercado Livre, para citar um caso nacional. Nenhuma dessas empresas possui estoque, mas ambas são referências para busca de produtos. Isso somente é possível pelo uso da tecnologia como um facilitador de relações e, simultaneamente, como um tipo de casamenteira, unindo pessoas com necessidades complementares que, de qualquer outro modo, acabariam por não se encontrar.
Novos desafios regulatórios
Evidentemente, em conjunto com novos modelos de negócios, a tecnologia também criou novos desafios regulatórios. Parte desses desafios podem ser atribuídos ao fato de que a lei foi feita em um cenário no qual a inovação em questão sequer era imaginada, criando um cenário no qual a lei aplicável não é adequada ao caso.
Exemplos desse tipo de situação são fintechs – startups
No caso do Brasil, estava no âmbito de regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por causa da definição legal de valor mobiliário, mas foi devidamente regulamentado (o que antes impedia essa opção de ser utilizada na prática) em 13 de julho de 2017, pela instrução 588 da CVM.
Por outro lado, também há cenários nos quais não há certeza sobre a incidência de determinada regulação sobre o modelo de negócios desenvolvido. Como exemplo, pode-se mencionar as polêmicas do Uber com os taxistas, AirBnB e hotéis e, no caso específico do Brasil, Netflix com distribuidoras de canais de televisão por assinatura (sobre a necessidade ou não de a Netflix respeitar a regra de conteúdo nacional mínimo, regulado pela Agência Nacional do Cinema).
Fonte: Direito Startups 2022 Rev EA – FGV Online
E você? Está esperando o que para fazer parte do nosso time de hackers transformadores do setor de saúde?
Quer ficar por dentro das grandes tendências de inovação e empreendedorismo em saúde?
Cadastre-se gratuitamente para receber a nossa Newsletter e ficar atualizado sobre todo o conteúdo e iniciativas Hackmed.
Junte-se a nós e venha impactar positivamente o sistema de saúde do país.
Afinal, #somostodospacientes