Como as startups obtêm acesso ao capital e ao investimento?
Neste texto, baseado no módulo de Direito para Startup da FGV Online, vamos analisar a prática de mercado acerca do processo de acesso a capital por parte da startup,mediante investimento em participação – aceitar um investidor como sócio da empresa em troca de um aporte financeiro. Assim, você vai sair daqui sabendo o básico acerca de de seed capital – smart money, investidores-anjo, family & friends – e papel das incubadoras e aceleradoras no ciclo de vida de um negócio.
Fontes de investimento e financiamento
Bootstraping
Bootstraping é o investimento de capital pelos próprios sócios fundadores da empresa. Essa forma de investimento tende a ser a primeira fonte de recursos que a startup tem e é usada para dar os passos iniciais no projeto. Nesse estágio, é comum que os fundadores busquem minimizar os gastos com o negócio.
Seed Capital
Seed capital, também conhecido como capital semente, é uma forma de investimento inicial no negócio (por isso, o termo semente, já que a empresa ainda está para dar flores). Tipicamente, essa categoria de investimento é de menor valor e gera recursos, principalmente, para financiar o desenvolvimento do MVP da startup ou início da operação, e o aporte é realizado em troca de participação. A grande qualificação desse tipo de investimento é que considera mais (em relação a investimentos em fases posteriores do ciclo de vida da startup) as qualidades pessoais dos fundadores e o potencial da ideia do que sua execução efetivamente.
Nesse sentido, geralmente, seed capital não vem de investidores institucionais, como ocorre com venture capital. Além disso, por ocorrer em estágios iniciais do ciclo de vida da startup (não há produto completamente desenvolvido, a operação é reduzida ou inexistente, etc.), geralmente, envolve bem mais risco do que investimentos normais.
Tratando do cenário nacional, em 2008, foi investido um montante total de cerca de R$ 140 milhões como seed capital. Já em 2016, houve um aumento substancial dessa modalidade de investimento, conforme dados da Anjos do Brasil, especialmente em relação à modalidade de investimento anjo.
São modalidades de seed capital: friends & family, investidores-anjo e smart money.
FFFs
Também conhecido como fools, friends and family (família, amigos e loucos), é também uma forma de investimento bem inicial ao negócio. Em grande medida, a inclusão jocosa de fools junto a amigos e família expressa, com exatidão, o espírito do investimento.
Amigos e família realizam o investimento tendo em vista a relação pessoal que têm com o empreendedor, de modo que o empreendimento tem uma importância secundária. Por causa desse fator, deve-se atentar para que a relação com o investidor não seja afetada negativamente, seja pelo excesso de pedidos, seja por tratamento injusto.
Uma indicação que pode ser feita sobre como lidar com o investimento de família e amigos é tratá-los como seria tratado um investidor profissional, ou seja, deixar claro o projeto, o andamento do projeto, as obrigações e os direitos do investidor, além de, evidentemente, buscar deixar tudo formalizado. Embora isso possa parecer excessivo, tais medidas ajudam a evitar conflitos posteriormente. Nota-se que, principalmente se o investidor tiver sua participação social consolidada, esses conflitos podem acabar causando o fim da empresa.
A grande vantagem dessa fonte de investimento é que tem poucos custos, tanto financeiros quanto de controle na sociedade. No entanto, é improvável que o empreendedor consiga muito recurso com esse tipo de investidor.
De tal modo, family & friends é uma forma de investimento recomendada para o início do desenvolvimento do produto, como forma de complementar os recursos próprios dos fundadores.
Investidores-anjo
Investidores-anjo são investidores que atuam na pessoa física investindo recursos próprios no negócio. No investimento anjo, o que vale é o conhecimento e experiência do investidor. Nesse sentido, o investidor-anjo acaba atuando mais como um mentor ou consultor para o negócio, sem exercer, efetivamente, um tipo de posição executiva.
Normalmente, o investidor-anjo é um empresário ou empreendedor bem-sucedido e com experiência no mercado, que está investindo parte de seu patrimônio em novas empresas. A lógica por trás do investidor anjo é de realizar um investimento de montante relativamente baixo (se comparado com outras fontes de investimento) e buscar aumentar as chances de sucesso do investimento atuando de maneira mais ativa na startup investida, aplicando sua experiência e suas redes de contato para potencializar o investimento.
Nesse sentido, embora a maior parte dos investidores-anjo sejam empreendedores ou empresários, também é comum encontrar exemplos de investidores dessa natureza com formação e experiência profissional em outras áreas, como advogados, engenheiros, programadores, médicos e especialistas em comunicação. A diferença será que esses investidores tendem a focar em startups que atuem em atividades semelhantes a que exerciam anteriormente, de modo a garantir que a experiência do investidor seja útil.
Como pode ter sido notado anteriormente, embora exista uma motivação moral ou social dentro de certos limites, o investimento-anjo não é uma atividade sem fins lucrativos, de modo que, em contrapartida ao investimento de capital e tempo, o investidor-anjo irá exigir uma participação (em geral, minoritária) na sociedade.
Tratando da prática de mercado, é comum encontrar grupos de investidores-anjo que atuam em conjunto (até 5 pessoas). Isso é feito para dividir o risco financeiro entre os investidores e para potencializar o impacto que pode ser gerado pela experiência de cada um dos investidores (afinal, ter 3 mentores experientes em áreas diversas deve agregar mais a empresa do que 1 único investidor).
Os investidores-anjos são ideais para startups que já estão no início dos estágios operacionais (ou seja, as que tem um modelo de negócio já parcialmente validado e minimamente operacional), mas precisam de caixa para escalar a operação, ter tração. De tal modo, o investidor-anjo estaria entrando na sociedade para impulsionar a transformação do protótipo em produto final, fornecendo, além do dinheiro, sua experiência para auxiliar os fundadores a conseguirem lidar com os desafios do início do crescimento mais acelerado.
Smart money
Assim como o investidor-anjo, smart money se refere a investimentos realizados por investidores experientes ou profissionais de outros ramos, utilizando recursos próprios. No entanto, o termo não é aplicável somente a pessoas físicas. O cerne do conceito é que o smart money é o investimento que vem carregado com a experiência e o auxílio do investidor (essa experiência não deve, necessariamente, ser em empreendimentos, mas pode ser um conhecimento útil para a startup).
Nesse sentido, todo investidor-anjo seria uma espécie de smart money, mas nem todo smart money vem de investidores-anjo. Como forma de ilustrar o dito, pode-se imaginar um escritório de contabilidade investindo em uma startup. Além do recurso investido, a startup poderá terceirizar tarefas administrativas e financeiras para o escritório de contabilidade, focando energia no desenvolvimento central do produto. Evidentemente, também é possível que esse parceiro contribua com contatos próprios (o que pode ser útil se a startup utilizar um modelo de negócios B2B) ou com o desenvolvimento do modelo de negócio da startup (por exemplo, considerando que é comum a presença de advogados em escritórios contábeis, é possível que eles auxiliem na elaboração inicial de documentos jurídicos ou apontem riscos em potencial, mesmo não sendo a especialidade dos advogados em questão).
Incubadoras e aceleradoras
Incubadoras e aceleradoras são tipos de programas colaborativos desenvolvidos com o objetivo de auxiliar a startup em alguma fase de seu ciclo de desenvolvimento. Esses programas podem ser gratuitos ou não, sendo que, em qualquer caso, focam no desenvolvimento de startups.
Embora os dois termos, geralmente, sejam usados como sinônimos, há algumas diferenças fundamentais entre ambos. A própria análise dos dois termos já permite intuir, em alguma medida, a diferença entre os dois tipos de programas. Aceleradoras aceleram o crescimento de startups, já incubadoras incubam (ou desenvolvem) as ideias subjacentes por trás do projeto da startup. Nesse sentido, aceleradoras estão mais voltadas a fazer a startup estourar, enquanto incubadoras estão mais focadas em aprimorar a ideia por trás da startup.
Tratando de cada um especificamente, aceleradores são programas de tempo limitado nos quais startups diversas ocupam um mesmo espaço (como forma de incentivar colaboração mútua e networking) e são mentoradas. É relativamente comum que aceleradoras sejam voltadas a nichos ou ramos específicos. Normalmente, o programa de aceleração também conta com marcos simbólicos, nos quais cada startup apresenta seus progressos.
De forma geral, o processo de aplicação para aceleradoras é aberto ao público, embora possa ser competitivo. Nesse sentido, além de toda a mentoria e programas educacionais, a aceleradora também tende a realizar um aporte de capital na empresa em troca de uma participação. Além disso, aceleradoras costumam ter rotinas e programações predefinidas para os participantes e, junto a isso e por serem programas de curta duração, são mais voltadas para startups com equipe fixa, uma vez que os programas tendem a ser intensos e a carga de trabalho considerada excessiva para uma única pessoa.
Em contraposição a essa metodologia mais agitada, incubadoras tendem a não ter rotinas ou programas fixos, de forma que grande parte da experiência da incubadora é o networking. O custo com incubadoras, geralmente, é um aluguel mensal para o espaço e os outros serviços que a incubadora proporciona, sendo extremamente incomum que seja feito qualquer tipo de investimento direto em troca de participação.
Incubadoras podem ser independentes, vinculadas a algum órgão governamental ou, até mesmo, vinculadas a empresas específicas. Nesse caso, provavelmente, a incubadora será restrita a startups da mesma área que a empresa do ramo.
São exemplos de serviços prestados por incubadoras, além de fornecer um espaço físico:
- auxílio administrativo e jurídico;
- mentoria;
- acesso a formas de investimento e
- programas de treinamento.
Venture capital
Venture capital ou capital de risco é uma forma de investimento em startups com alto potencial de crescimento. Ao contrário do seed capital, o investimento de venture capital é institucional, ou seja, realizado por investidores organizados em pessoas jurídicas ou figuras de investimento coletivo, tais como fundos de investimento. Além disso, os valores dos investimentos são significantemente maiores do que os investimentos realizados em seed capital.
Em contrapartida a esse investimento maior, o venture capitalist irá exigir uma série de direitos e garantias, além de estarem mais interessados, em regra, em gerar eventos de liquidez de modo a realizar de modo mais rápido o investimento. Nesse mesmo sentido, esse tipo de investimento é feito, normalmente, em empresas em estágios operacionais iniciais, mas já operacionais. De tal modo, é raro encontrar um investimento de venture capital em startups cujo produto ainda não está completamente desenvolvido, ou na qual ainda não há algum fluxo de receita.
Investimento de venture capital é mais indicado para startups que já estão relativamente consolidadas e precisam de caixa para poder expandir as operações, mas cujo risco operacional ainda é grande demais para abrir o capital ou pegar empréstimos. O ponto negativo desse investimento é que, além de não vir acompanhado (em regra) de mentoria, o investidor irá exigir uma série de direitos e irá influenciar de maneira significativa a gestão da companhia.
Fonte: Direito Startups 2022 Rev EA – FGV Online
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